CLIMA BRASILEIRO

1 - Fatores que influenciam o clima brasileiro

O território brasileiro localiza-se quase totalmente em área intertropical (entre os trópicos). Mais de 90% de seu território encontra-se em áreas de baixas latitudes, entre o Trópico de Capricórnio e o Equador. Dessa forma, predominam os climas tropicais.

Diversos fatores — como a latitude, a continentalidade e a altitude — interferem nas dinâmicas climáticas, permitindo variações no clima tropical e a existência de diversos subtipos climáticos no território brasileiro.

Em regiões de maior latitude, como no sul do país, tem-se o clima subtropical, enquanto nas de menores latitudes predominam os climas quentes, como o equatorial úmido e o tropical semiárido. No centro do país, que não recebe os efeitos da maritimidade, predomina o clima tropical continental. 

No entanto, em grande parte das regiões central e norte, a circulação da massa de ar equatorial continental durante o verão, associada à umidade da floresta amazônica e àquela proveniente do Oceano Atlântico norte, provoca chuvas e supre a escassez de massas de ar úmido provenientes do Atlântico Sul.
Como o território brasileiro não apresenta altas cadeias montanhosas, somente nas partes mais altas do Planalto Atlântico do Sudeste ocorre o subtipo tropical de altitude, onde as médias de temperaturas são menores. Além da altitude, da continentalidade e da latitude, as massas de ar — associadas à posição da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e aos ventos alísios que a acompanham — também atuam sobre o clima.

2 - Massas de ar dinamizam o clima brasileiro

Grandes porções de ar que se deslocam pela troposfera influenciando as regiões por onde passam, as massas de ar em geral se originam em áreas extensas e homogêneas, como os oceanos, os polos e os desertos. Ao se formarem, adquirem as características (umidade, pressão e temperatura) da área de origem. 

Ao se deslocarem vão perdendo as características originais e sofrendo influência dos climas e tempos locais. Observe na figura a ação das massas de ar na dinâmica dos climas brasileiros.

A massa tropical atlântica (Ta) ou massa tropical marítima atua no litoral desde o nordeste até o sul do país. Originária do sul do Oceano Atlântico, é quente e úmida e forma os ventos alísios de sudeste. Atua quase o ano todo e pode provocar chuvas.

Os ventos alísios são correntes de ar que sopram constantemente das proximidades dos trópicos (região de alta pressão) para o Equador (baixa pressão). Em razão do movimento de rotação da Terra os ventos, que se deslocam em linha reta, sofrem um desvio aparente na sua trajetória, chamado efeito de Coriolis. Os ventos alísios se desviam do nordeste para o sudoeste, no hemisfério norte, e do sudeste para o noroeste, no hemisfério sul.

A massa equatorial atlântica (Ea) atua no litoral norte e nordeste do país, principalmente na primavera e no verão. É quente e úmida, mas, quando chega ao interior, geralmente já está seca. Origina-se no Atlântico norte e forma os ventos alísios de nordeste. A massa polar atlântica (Pa) exerce influência em todas as regiões brasileiras. 

Por originar-se em altas latitudes, no sul do Atlântico, é fria e úmida, tendo forte atuação no inverno. Ao encontrar-se com a massa de ar quente forma-se a frente fria. O ar quente, menos denso, sobe e o ar frio se desloca na superfície provocando trovoadas e chuvas frontais em todo o litoral, até a Região Nordeste. 

É responsável pela queda acentuada de temperatura e por ocasionar geadas no Sudeste, neve na Região Sul e o fenômeno da friagem na Região Norte e Planície do Pantanal. A massa tropical continental (Tc) atua nas áreas do interior das regiões Sudeste e Sul e na Região Centro-Oeste. Originária da Planície do Chaco, ocasiona períodos quentes e secos (suas principais características).

A massa equatorial continental (Ec) influencia todo o território brasileiro, deslocando calor e umidade e provocando instabilidade. Vinda do oeste da Amazônia, onde provoca chuvas diárias no verão e no outono, pode atingir as outras regiões brasileiras, causando chuvas no verão.

Principais tipos climáticos no Brasil
A localização da maior parte do extenso território brasileiro em áreas de baixas latitudes, entre o Equador e o Trópico de Capricórnio, a inexistência de altas cadeias montanhosas e a dinâmica das massas de ar são fatores que explicam a configuração de seis principais tipos climáticos no Brasil. Observe a figura.


O clima tropical predomina na maior parte do país, em grande parte das regiões Centro-Oeste (Goiás e Mato Grosso do Sul), Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) e Nordeste (Bahia, Maranhão, Piauí e Ceará) e no estado do Tocantins.

Caracterizado por temperaturas altas (média anual por volta de 20 °C), o clima tropical apresenta uma estação seca no inverno e outra bem chuvosa no verão. As massas de ar que provocam as chuvas no verão são a equatorial continental (Ec) e a tropical atlântica (Ta). Esta última chega a atingir parte do Sertão nordestino. No inverno, a massa polar atlântica (Pa) provoca queda de temperatura no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.

O clima litorâneo úmido se estende pela faixa litorânea do Nordeste ao Sudeste, com grande influência da massa tropical atlântica (Ta). Apresentando elevadas médias térmicas e alta pluviosidade, o clima litorâneo úmido está sujeito à umidade da massa tropical atlântica (Ta). O encontro dessa massa de ar com o relevo acidentado (Serra do Mar, Serra da Mantiqueira, Chapada da Borborema etc.) provoca chuvas de relevo.

No outono e no inverno o encontro da massa polar atlântica (Pa) com a massa tropical atlântica (Ta) provoca chuvas frontais. O litoral de Bertioga, em São Paulo, em Itapanhaú, detém o recorde de chuvas no país, com o índice de 4.514 mm em um ano.

O clima equatorial úmido abrange a maior parte da Amazônia. Apresenta temperaturas elevadas e chuvas abundantes e bem distribuídas durante o ano. As chuvas convectivas — ocasionadas pelo encontro dos alísios de norte e do sul e por ascensão e resfriamento do ar úmido — são comuns na região. 

As médias térmicas mensais variam de 24 °C a 28 °C, ocorrendo apenas um leve resfriamento no inverno (julho) ou quando a frente fria atinge o sul e sudeste da região. O índice pluviométrico ultrapassa 2.500 mm anuais e a amplitude térmica anual é baixa (inferior a 3 °C).

A principal massa de ar que atua na região é a equatorial continental (Ec), mas em regiões litorâneas tem-se a presença da equatorial atlântica. Essas duas massas de ar são úmidas; a primeira por se formar em área com rios caudalosos e densa floresta e a segunda por se formar no oceano.

A área de convergência dos ventos alísios provenientes dos hemisférios norte e sul se situa próxima ao Equador. Essa área limite é conhecida como Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). A ascensão do
ar e da umidade nessa área forma um anel de nuvens que circula o Equador. A ZCIT (figura 13.8, na página seguinte) possui um deslocamento ao longo do ano, com enorme influência na distribuição das chuvas no Norte e no Nordeste brasileiro. 

Em determinadas épocas a ZCIT atinge posições mais ao sul do Equador causando precipitações na região Nordeste, principalmente no norte dessa região.

O clima tropical semiárido predomina em grande parte do Nordeste brasileiro (no Sertão) e no norte de Minas Gerais. Observe a figura 13.9. Pouca quantidade de chuvas (média anual inferior a 1.000 mm), concentradas num período de três meses e temperaturas altas (média térmica anual de 28 °C) são as principais características do clima tropical semiárido.

A influência de massas de ar secas no Sertão nordestino ajuda a explicar a baixa pluviosidade e os períodos de estiagem nessa área. Vejamos alguns fatores que impedem ou dificultam a entrada regular e a atuação das massas de ar mais úmidas no Sertão.

• As principais massas de ar que atuam no Nordeste são a equatorial continental (Ec) e a tropical atlântica (Ta). A massa equatorial atlântica (Ea) e a polar atlântica (Pa) também podem chegar até essa região. Em geral, todas elas, quando chegam ao Sertão nordestino, já estão secas, tendo percorrido longas distâncias e precipitado sua umidade em topogra a acidentada (como o Planalto de Borborema) antes de atingi-lo.

• A diferença de temperatura entre as águas superfi ciais do Atlântico sul (mais frias) e as do Atlântico norte (mais quentes), fenômeno conhecido como dipolo negativo, e o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) para o hemisfério norte, em épocas previstas para permanência no hemisfério sul, favorecem a ocorrência de anos secos no Nordeste.

• Nos anos de predominância do El Niño, o aumento da temperatura no Pací co sul enfraquece os ventos alísios. As massas de ar aquecido formam barreiras que impedem o deslocamento normal das frentes frias carregadas de umidade, provocando secas no Nordeste. 

O clima subtropical úmido ocorre em toda a Região Sul e na porção meridional dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, predominando nas áreas com as latitudes mais altas do território brasileiro, ao sul do Trópico de Capricórnio. Por esse motivo suas estações são mais definidas. Embora sujeito à massa tropical atlântica (Ta), a influência da massa polar atlântica (Pa) torna os invernos mais rigorosos do que no restante do país. A entrada de frentes frias provoca geada e, por vezes, neve nas áreas mais altas.

O clima tropical de altitude abrange as terras altas do Sudeste, nas regiões serranas do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. Observe o climograma. Esse tipo de clima se caracteriza por
invernos mais rigorosos sob influência da massa polar atlântica (Pa). Com temperaturas variando entre 15 °C e 21 °C, apresenta verões brandos.

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