AGENTES MODIFICADORES DO RELEVO

O relevo terrestre é resultado da ação de fatores que atuam na crosta terrestre. Estes fatores podem ser interno ou externos.

· Agentes internos: tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos.
· Agentes externos: intemperismo, águas correntes, vento, mar, geleiras, seres vivos, entre outros.

1. Agentes internos modificadores do relevo



1.1. Tectonismo

São forças oriundas do interior da terra que atuam de modo lento e prolongado na configuração da crosta terrestre. São também chamados de diastrofismos (distorções).

Os diastrofismos podem ser tanto verticais , quanto horizontais. Quando as forças agem verticalmente são chamados diastrofismos epirogenéticos. Este movimento quando ocorre, permite o soerguimento de camadas de rochas resistentes e de baixa flexibilidade , causando os falhamentos. Os diastrofismos orogenéticos são forças horizontais que provocam os dobramentos. As cadeias recentes de formação terciária, como Himalaia, Andes, Rochosas, Alpes, são resultado da orogênese. Oro (montanha) e gênese (nascimento) = nascimento de montanha em grego.

1.2. Vulcanismo

Constitui a atividade pela qual o material magmático é expelido do interior da terra para a superfície.

O material acumulado na superfície da terra forma o edifício vulcânico ou relevo postiço.

Os vulcões compõem-se em geral das seguintes partes:

· Edifício Vulcânico ou cone vulcânico: montanha formada pelo acumulo de material magmático oriundo do interior da terra.
· Cratera: cavidade superior resultado das explosões iniciais da atividade vulcânica.
· Chaminé ou conduto: abertura ou fenda pela qual sai o material magmático.
· Caldeira ou câmara magmática: bolsão ou cavidade profunda preenchida pelo magma.

Os materiais expelidos pelos vulcões são os seguintes:

· Lavas - material magmático em estado de fusão derramado na superfície terrestre.
· Material piroclástico - fragmentos de rochas lançados pela atividade vulcânica.
· Gases e vapores - Os mais comuns são vapores d’água e as fumarolas que chegam a 800 graus centígrados.

Quanto a distribuição na crosta terrestre os vulcões encontram-se normalmente em área de dobramentos modernos ou seja, próximo a movimentos orogenéticos recentes. Os vulcões encontram-se próximos de áreas oceânicas e não é comum encontrá-los no interior dos continentes.

Principais áreas vulcânicas no mundo:

1. Círculo do fogo do Pacífico - Concentra cerca de 80% dos vulcões e forma um alinhamento que vai desde a Cordilheira dos Andes até as Filipinas, passando pelas costas ocidentais da América do Norte e pelo Japão.
2. Círculo do Fogo do Atlântico - Abrange América Central , Antilhas, Açores, Cabo Verde, Mediterrâneo e Cáucaso.

Vulcanismo no Brasil: Atualmente não existem vulcões ativos no Brasil. Entretanto, em épocas geológicas passadas, nosso país foi palco de diversas atividades vulcânicas. A mais recente ocorreu na Era Cenozóica ( terciário), levando à formação das nossas ilhas oceânicas de Trindade e Martim Vaz, Fernando de Noronha, Penedos de São Pedro e São Paulo. Na era mesozóica a atividade vulcânica no Brasil foi intensa, destacando-se as seguintes ocorrências:


1. Poços de Caldas e Araxá (MG), São Sebastião (SP), Itatiaia e Cabo Frio ( RJ) e Lajes (SC);
2. Na região sul do Brasil houve um dos maiores derrames basálticos do mundo, abrangendo 1 milhão de quilômetros quadrados, que vai do Rio Grande do Sul até o Estado de São Paulo. As falésias basalticas de Torres no Rio Grande do Sul são um exemplo deste episódio.

O derrame basaltico deu origem ao solo de terra roxa, o mais fértil do Brasil.

1.3. Abalos sísmicos ou terremotos

São movimentos naturais da crosta terrestre que se propagam por vibrações. Podem ser percebidos de forma direta por pessoas , ou de forma indireta através de um aparelho chamado sismógrafo. Anualmente são registrados cerca de 1 milhão de abalos ‘sísmicos , dos quais cerca de 5000 são perceptíveis diretamente pelo homem e vinte a trinta são de efeitos danosos.

A intensidade dos terremotos é bastante variável. Os fatores que mais influem nessa intensidade são a distância entre o local de origem do terremoto (hipocentro ou foco) e o local onde ele se manifesta (epicentro) e a heterogeneidade das rochas. Quanto maior a distância entre o hipocentro e o epicentro, menor a intensidade do abalo e, quanto mais resistentes as rochas, menores os danos.

A intensidade dos terremotos pode variar, desde a imperceptível pelo homem até aquela cujos efeitos podem destruir cidades inteiras, como no caso dos famosos terremotos ocorridos em Lisboa (1755), São Francisco (1906), Tóquio (1923), Manágua (1972), Los Angeles (1994) e Kobe (1995).

Atualmente, a escala mais utilizada para medir a intensidade dos abalos sísmicos é a Escala de Richter , que mede a quantidade de energia liberada em cada terremoto.

Nessa escala, os números mais baixos correspondem aos terremotos de menor intensidade. Porém , um terremoto de índice 5 não quer dizer que tenha liberado cinco vezes mais energia que o índice 1 , porque a quantidade de energia liberada cresce geometricamente. Por exemplo, a energia liberada por um terremoto de índice 8 equivale à energia liberada por 216 mil abalos de índice 5.

Quanto aos efeitos dos terremotos eles podem ser de caráter social ou geológico. No primeiro caso, pode ocorrer a morte de pessoas, desmoronamentos de casas, edifícios, ruptura de tubulações de água, gás, esgoto, incêndios etc. No segundo os efeitos no relevo em geral são pequenos, embora algumas vezes possam ser de grandes proporções. Normalmente correspondem a deslizamentos , desmoronamentos, formação de fendas no solo, entre outros.

Por que ocorrem os terremotos? A ocorrência de terremotos está ligada a três tipos de causas: desmoronamentos internos, vulcanismo e tectonismo.

DESMORONAMENTOS INTERNOS: O desmoronamento de camadas de rochas no interior da terra costuma provocar terremotos geralmente locais de pequena intensidade. No Brasil, esse tipo de tremor de terra tem sido registrado de forma esporádica nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Ceará. Às vezes , os terremotos são provocados também pela acomodação das camadas de sedimentos , devido a seu próprio peso. Esse parece ser o caso de alguns tremores ocorridos na cidade de São Paulo.

CAUSAS VULCÂNICAS: São explosões internas ou acomodação de materiais nos bolsões ou vazios que surgem após a expulsão do magma do interior da terra. Os terremotos provocados por estas causas costumam ser de pequena intensidade.

CAUSAS TECTÔNICAS: Os terremotos relacionados ao tectonismo costumam ser os mais violentos . Verifica-se uma grande coincidência entre a localização dos terremotos e as áreas vulcânicas e tectônicas . Cerca de 42% dos epicentros situam-se no Círculo de Fogo do Pacífico.

Em alguns terremotos , a ocorrência de um grande número de perdas humanas pode nos dar uma idéia das proporções catastróficas que eles podem atingir. O terremoto de Lisboa, em apenas 6 minutos , matou cerca de 60.000 pessoas, e o terremoto de Tóquio, de 16 segundos, matou cerca de 140.000 pessoas e destruiu aproximadamente 450 mil edificações.

2. Agentes externos modificadores do relevo


2.1. Introdução

O relevo terrestre encontra-se em permanente evolução. Suas formas, criadas pelos agentes internos, estão constantemente sofrendo a ação de agentes externos, que realizam um trabalho escultural ou de modelagem da paisagem terrestre. Esse trabalho de modelagem é contínuo e incessante, e nela atuam um conjunto de agentes como o intemperismo, as águas correntes , o vento, as geleiras e a ação dos mares e seres vivos.

Apesar de essa atividade abranger toda a superfície terrestre, é fundamental entender que, além do trabalho específico de cada um dos agentes, sua participação difere bastante de acordo com a área onde atua. Por exemplo: nas regiões de elevadas latitudes, o trabalho do gelo é muito mais importante que os dos demais agentes; nos desertos , o trabalho do vento é o que sobressai; nas regiões equatoriais, o trabalho das águas é fundamental.Em síntese podemos dizer que os agentes externos realizam dois tipos de trabalho: a erosão ou destruição e a acumulação ou construção.

Exemplos do trabalho dos agentes externos:

1. Erosão fluvial - Os rios escavam seus leitos e depois depositam os sedimentos transportados nas planícies e nos deltas, fertilizando-os.
2. Voçoroca - Uma forma de erosão do solo provocada pelo escoamento superficial das águas (chuvas e enxurradas). É prejudicial à agricultura e pode até mesmo destruir habitações e outras edificações.
3. Vila Velha (PR) - A ação erosiva do vento sobre o relevo pode originar formas bastante pitorescas como a “taça”em Vila Velha.
4. Delta do rio Nilo - Um dos maiores deltas do mundo. O delta é o destino final dos sedimentos transportados pelas águas do rio. Este solo é de grande fertilidade , daí entendermos o significado da frase de Heródoto: “O Egito é uma dádiva do Nilo”.

Existem diversas teorias que buscam explicar a distribuição das massas continentais. As que mais se destacam são a Teoria da Deriva Continental ou Teoria de Wegener (Alfred Wegener - 1880 a 1930) e a Teoria da Tectônica das Placas, desenvolvida em 1967 por um grupo de cientistas e nada mais é do que a continuidade e o aprofundamento do trabalho de Wegener.

2.2. Teoria da deriva continental

De acordo com Wegener , no final do período carbonífero existia uma única e gigantesca massa continental denominada por ele de Pangéia (pan=todo; gea=terra). Nessa época , a América do Norte estava ligada à Eurásia (Europa e Ásia) e a América do Sul ligada à África. A Austrália e a Antártida também estavam unidas ao mesmo conjunto, a a Índia, por sua vez, estava perfeitamente encaixada entre a África e a Austrália.

A partir do período jurássico (180 a 200 milhões de anos), essa grande e única massa continental , a Pangéia, começou a sofre um processo de divisão, originando vários blocos continentais. Ao se afastarem, esses blocos deslocaram-se tanto na direção oeste (caso da América) quanto em direção à linha do Equador.

A primeira divisão ocorreu ao longo do Oceano Atlântico norte e do Índico, com a formação de uma extensa fenda no sentido leste-oeste, originando dois super continentes (Laurásia e Gondwana). Em conseqüência, a América do Norte afastou-se da África e a Índia separou-se da Antártida e começou a migrar em direção à Ásia.

Há 65 milhões de anos atrás (início do terciário), decorridos mais de 100 milhões de anos do início do processo de separação , os continentes já estavam bem próximos de sua configuração atual. A América do Sul separou-se da África e, a seguir, a Groenlândia da Europa e a América do Norte da Laurásia.Apenas a Austrália e a Antártida mantinham-se deslocando-se em direção à Ásia. As Américas do Norte e do Sul estavam separadas.

Finalmente , nos últimos 65 milhões de anos, continentes e oceanos adquiriram a configuração atual. Entretanto devemos lembrar que a “dança”dos continentes não cessou, pois, como veremos a seguir, as massas continentais estão permanentemente em movimento. A partir desse momento, as Américas se juntaram, a Austrália separou-se da Antártida e a Índia chocou-se com a Ásia, provocando o soerguimento da Cordilheira do Himalaia. A Groenlândia afastou-se da América e os continentes ficaram separados pelos oceanos.

A colisão dos continentes ou a compressão das suas bordas deram origem às grandes cordilheiras atuais, tais como as Montanhas Rochosas e os Andes (no oeste das Américas), os Alpes e o Himalaia (no sul da Eurásia) , os Atlas (no norte da África) etc.

As ilhas e os arquipélagos na maior parte dos casos representam fragmentos que foram deixados para trás durante o deslocamento dos continentes. São os casos das Antilhas, da Nova Zelândia, do arquipélago japonês e demais ilhas a leste da Ásia.

2.3. Teoria da tectônica da placas

A finalidade dessa teoria é demonstrar que a crosta terrestre flutua, isto é, movimenta-se sobre um substrato pastoso, magmático ou fluido.Imagine, por exemplo, um gigantesco iceberg movendo-se lentamente no oceano. O iceberg seria a crosta terrestre, e o oceano, o substrato magmático.

Se imaginarmos todos os oceanos sem água, teremos uma única e extensa massa continental, porém com enormes depressões ou bacias. A divisão dessa grande massa continental (crosta terrestre) resultou da formação de extensas placas ou blocos que se movimentam sobre o substrato magmático.

Essa teoria considera que a massa continental está dividida em seis grandes placas, sendo que os limites dos continentes não coincidem com os das placas. O deslocamento horizontal dessas placas provoca, em seus limites externos, a ocorrência de várias deformações e fenômenos , como o surgimento de dobramentos, falhas, vulcanismos e terremotos. Ou seja, essas áreas geologicamente instáveis da crosta terrestre (Andes, Rochosas, Himalaia etc.) nada mais são do que locais onde ocorrem as colisões ou os seccionamentos das placas.

Assim, se observarmos um mapa-múndi físico, poderemos constatar que a distribuição das cordilheiras e das áreas vulcânicas não e caótico ou puramente casual; ao contrário, obedece a uma determinada lógica.

Distribuição das placas tectônicas: Seis grandes placas agrupam o sistema global de deriva continental. A placa do Pacífico caminha para oeste, sendo pressionada pela Placa Americana. A Placa Eurasiana ao norte pressiona para o leste e para oeste. A Placa Indo-Australiana trabalha em toda região do Índico pressionando para o Norte. A Placa África, supõe-se está estacionária.

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